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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Construtivismo



1. O que é construtivismo?
É o nome pelo qual se tornou uma nova linha pedagógica que vem ganhando terreno nas salas de aula há pouco mais de uma década. As maiores autoridades do construtivismo, contudo, não costumam admitir que se trate de uma pedagogia ou método de ensino, por ser um campo de estudo ainda recente, cujas práticas, salvo no caso da alfabetização, ainda requerem tempo para o amadurecimento e sistematização.

2. Em que distingue a pedagogia construtivista, em linhas gerais?

O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. Rejeita a apresentação de conhecimentos prontos ao estudante, como um prato feito e utiliza de modo inovador técnicas tradicionais como por exemplo, a memorização. Daí o termo construtivismo, pelo qual se procura indicar que uma pessoa aprende melhor quando toma parte de forma direta na construção do conhecimento que adquire. O construtivismo enfatiza a importância do erro não como um tropeço, mas sim como um trampolim na rota da aprendizagem. O construtivismo condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno.


3. Com base em que o construtivismo adota tais práticas?
Com bases nos estudos do psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980 ), a maior autoridade do século sobre o processo da inteligência e de aquisição do conhecimento. Piaget demonstrou que a criança raciocina segundo as estruturas lógicas próprias, que evoluem conforme as faixas etárias definidas, e são diferentes da lógica madura do adulto.Por exemplo: se uma criança de 04 anos ou 05 anos transforma uma bolinha de massa em salsicha, ela conclui que a salsicha por ser comprida tem mais massa do que a bolinha. Não se trata de um erro, como se julgava antes de Piaget, mas de um raciocínio apropriado a essa faixa etária. O construtivismo procura desenvolver práticas pedagógicas sob medida para cada degrau de amadurecimento intelectual da criança.

4. Piaget criou o construtivismo?

Nada mais falso. Ao contrário do que muitos imaginam, ele nunca se preocupou em formular uma pedagogia: dedicou a vida a investigar os processos da inteligência. Outros especialistas é que se valeram de suas descobertas para desenvolver propostas pedagógicas inovadoras.

5. De onde vem, então o construtivismo?

Quem adotou e tornou conhecida a expressão foi uma aluna e colaboradora de Piaget, a psicóloga Emilia Ferreiro. Nascida na Argentina em 1936 e que atualmente mora no México. Partindo da teoria do mestre, ela pesquisou a fundo e especificamente, o processo intelectual pelo qual as crianças aprendem a ler e a escrever, batizando de construtivismo sua própria teoria.

6. Então é ela a autora da pedagogia construtivista?
Não. A exemplo de Piaget. Emilia se limitou a desenvolver uma teoria científica. Outros especialistas é que vem utilizando suas descobertas, assim como as de Piaget, para formular novas propostas pedagógicas. No começo o nome construtivismo se aplicava só a teoria de Emilia. Com o tempo passaram a ser chamada de construtivistas às novas propostas pedagógicas inspiradas em sua teoria, a própria teoria de Piaget e até mesmo pedagogias anteriores, porém compatíveis como a do educador soviético Lev Vigostsky (1896-1934).

7. O que a teoria de Emilia Ferreiro sustenta?
A pesquisadora aplicou a teoria mais geral de Piaget na investigação dos processos de aprendizado da leitura e d escrita entre crianças na faixa de 04 a 06 anos. Constatou que a criança aprende segundo sua própria lógica e segue essa lógica até mesmo quando se choca com a lógica do método de alfabetização. Em resumo, as crianças não aprendem do jeito que são ensinadas. A teoria de Emilia abriu aos educadores a base científica para a formulação de novas propostas pedagógicas de alfabetização sob medida para a lógica infantil.

8. Qual a lógica infantil na alfabetização, segundo Emilia Ferreiro?

A pesquisadora constatou uma seqüência lógica básica na faixa de 04 a 06 anos. Na primeira fase a pré-silábica, a criança não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada e se agarra a uma letra mais simpática para escrever.Por exemplo,pode escrever Marcelo como MMMMMMMouAAAAAAAA. Na fase seguinte, a silábica, já interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor silábico a cada uma (para ela, COM pode ser a grafia de Mar-ce-lo, em que M =mar, C = ce, O = lo). Um degrau acima, já na fase silábico alfabético, mistura à lógica da fase anterior com a identificação de algumas silabas propriamente ditas. Por fim, na última fase a alfabética, passa a dominar plenamente o valor das letras e sílabas.

9. O construtivismo se aplica somente à alfabetização infantil?

Não. Ainda se encontra muito vinculado à alfabetização, porque foi por essa área que começou a ser desenvolvido, a partir da base teórica proporcionada por Emilia Ferreiro. Com tudo, práticas construtivistas devidamente adaptadas, já estão bastante difundidas até a 4 série do primeiro grau. A partir da 5 série, porém, quando cada disciplina passa a ser ministrada por um professor especializado, tais práticas são menos utilizadas, até pela relativa escassez ainda registrada de pesquisas teóricas equivalentes às de Emilia.

10. Por que o construtivismo faz restrições à prontidão na alfabetização infantil?

Com base nas teorias de Piaget e Emilia Ferreiro, os construtivistas consideram inútil a prontidão, ou seja, o treinamento motor que habitualmente se aplica às crianças com preparação do aprendizado da escrita. Para eles, aprender a ler e escrever, são algo mais amplo e complexo do que adquirir destreza com o lápis.
11. O aluno formado pelo construtivismo fica bom de raciocínio, com mais senso crítico, porém mais fraco de conhecimentos?
Não é bem assim. Os construtivistas insistem em que, embora o construtivismo enfatize o processo de aprendizagem, este não ocorre desligado do conteúdo: simplesmente não há como formar um indivíduo crítico e vazio. Portanto a aquisição de informações é fundamental.

12. Como o construtivismo transmite o conhecimento não passível de ser construído pelo aluno, como nomes de cidades ou de presidentes?

O construtivismo estimula a descoberta do conhecimento pelo aluno. Evita afogá-lo com informações prontas e acabadas, mas quando necessário não hesita em valer-se da memorização. Neste caso, a professora deve escolher o momento oportuno e criar situações interessantes para transmitir esses conhecimentos fugindo assim da rigidez da prática tradicional.

13. O construtivismo requer mais atenção individual ao aluno do que outras linhas de ensino?
Sim, mas não com a obsessão que às vezes se imagina. Se o construtivismo admite que cada aluno tem o seu processo particular de aprendizagem, a professora deve conhecê-lo, acompanhá-lo e fazer as intervenções adequadas. Mas isso não quer dizer centralização total, ao contrário. O construtivismo valoriza muito o intercâmbio entre os alunos e o trabalho de grupo, em que a professora tem uma presença motivadora e menos impositiva.

14. Como a professora pode dar atenção individualizada em classes de 30 a 40 alunos?

O ideal é que as classes não sejam tão numerosas. Mas, de qualquer modo vale a alternativa de trabalhar com duplas ou trios, agrupando as crianças por habilidades parecidas ou opostas, a critério da professora. No construtivismo, a professora aproveita a individualidade de cada aluno para o enriquecimento do grupo.

15. Por que o construtivismo contesta o ensino dirigido?

Não é bem isso. O construtivismo considera a sistematização do ensino necessária, mas aplicada com bom senso e flexibilidade. Contesta, sim, que o currículo seja uma imposição unilateral.
Uma camisa-de-força com etapas rígidas, sucessivas e inalteráveis. Não se aprende por pedacinhos, ms por mergulhos em conjuntos de problemas que envolvem vários conceitos ao mesmo tempo, afirmam os construtivistas.

16. Por que a alfabetização construtivista rejeita o uso da cartilha?

Primeiro, porque a cartilha prevê etapas rígidas de aprendizagem coisa que o construtivismo descarta. Segundo porque os construtivistas acham que a linguagem geralmente usadas nas cartilhas é padronizada, artificial, distante do mundo conhecido pela criança.

17. Por que o construtivismo faz restrições aos livros didáticos?

Pelo fato de a maioria deles apresentar o conhecimento em seqüência rígida, prevendo uma aprendizagem de conceitos baseada na memorização.

18. E ao ensino da tabuada?

O caso é diferente. A memorização é essencial para agilizar o cálculo mental, mas isso deve ocorrer após o aluno compreender o significado das operações aritméticas, com o a multiplicação. O que os construtivistas não aceitam é a memorização puramente mecânica conhecida como “decoreba”.


19. E a restrição ao ensino de regras gramaticais?
O construtivismo contesta que o ensino da gramática seja o meio para se levar o aluno a entender e dominar o processo de escrever corretamente. Isso se adquire praticando a escrita, mesmo com erros gramaticais. As regras identificam certas irregularidades da língua, mas para entendê-las é preciso tê-las percebido na prática.

20. Por que o construtivismo, em geral, não aceita o uso de fórmulas como as de matemática e as de sintaxe?
Não é que não aceite. A restrição é ao ensino de fórmulas com se fossem os conteúdos, pois elas não passam de esquemas sintéticos muito mais abstratos. A fórmula, em si mesma, não é o núcleo do conhecimento mas aquilo que o sustenta.

21. Qual é o papel da professora no construtivismo e em que difere do ensino tradicional?

Em vez de dar a matéria, numa aula meramente expositiva, a professora organiza o trabalho didático pedagógico de modo que o aluno seja o co-piloto de sua própria aprendizagem. A professora fica na posição de mediadora ou facilitadora desse processo.

22. O que é necessário para ser uma boa professora construtivista?

Mentalidade aberta, atitude investigativa, desprendimento intelectual, senso crítico, sensibilidade às mudanças do mundo combinado com a iniciativa para torná-las significativas aos olhos dos alunos e flexibilidade para aceitar a si mesma em processo de mudança continua. Ela precisa dar mais de si e precisa estar o tempo todo se renovando para sustentar uma relação com os alunos que não se baseia na autoridade mas na qualidade.

23. A professora construtivista precisa de uma orientadora pedagógica?

Sim. A orientadora é importante, não para tutelar a professora, mas para servir de
interlocutora com quem ela passa a refletir sobre a sua prática.

24. É possível ser construtivista em uma escola tradicional?

Em geral, o projeto pedagógico de uma escola tradicional não favorece nem leva em conta o trabalho de um professor que resolva tocar em outro tom. Embora seja difícil manter uma proposta individual num ambiente alheio a mudanças, há muitos casos assim. Além disso, deve-se considerar o fato de que é difícil uma escola passar a ser construtivista num só golpe. Isso ocorre de maneira paulatina, até porque o construtivismo do mesmo modo que respeita os processos de transformação por que passam os alunos, também deve respeitar os das próprias professora.


25.Existem manuais que ensinem a ser construtivista?
Manuais com tudo mastigado não. M as não falta material de apoio para que a professora comece a olhar seu trabalho de outro modo. O fundamental, de qualquer maneira é a prática. Calcula-se que são necessários ao menos dois anos de prática em classe reforçada por reuniões semanais com outros colegas, para tornar-se uma boa professora construtivista.


26. Existem cursos que ensinem a ser construtivista?

Algumas instituições promovem cursos de extensão ou especialização, seminários, palestras e reuniões de estudo com essa finalidade. Mas atenção nesses cursos não se ensina a ser construtivista. Neles se discute a prática da professora, de modo que ela ganhe elementos para encontrar seu próprio caminho, mais ou menos como depois irá fazer em relação ao aluno.

27. Quais s vantagens do construtivismo sobre outras linhas de ensino?

Procura formar pessoas de espírito inquisitivo, participativo e cooperativo com mais desembaraço na elaboração do próprio conhecimento. Além disso, o construtivismo cria condições para um contato mais intenso e prazeroso com o universo da leitura e da escrita.

28. Quais as desvantagens do construtivismo em relação às outras linhas de ensino?

Sendo uma concepção pedagógica nova e flexível, não oferece a professora instrumentos tão seguros e precisos com respeito ao seu trabalho diário. Ainda há muito por sistematizar, admitem os construtivistas.

29. As outras linhas de ensino não podem formar alunos tão bem ou mesmo melhor que o construtivismo?

Em termos de quantidades de conhecimento sim. Quanto à qualidade do conhecimento, dificilmente, pois o construtivismo desperta no aluno um senso de autonomia e participação que não é comum em outras linhas pedagógicas, sustentam os construtivistas.

30. O construtivismo forma o estudante com mais ou menos rapidez que outras linhas de ensino?

O construtivismo não dá exagerada importância a prazos rígidos. Na alfabetização construtivista, estima-se que um aluno do meio rural, que nunca viu nada escrito, precisa de dois a três anos para chegar a ler e escrever com eficiência. Já no meio urbano, um aluno de 07 anos que convive intensamente com a escrita leva algo em torno de 01ano e meio. Comparativamente, no ensino convencional, a maioria das crianças é capaz de soletrar e formar palavras em um ano o que os construtivistas contudo, não consideram alfabetização.

31. Como a escola construtivista lida com a ansiedade de pais que percebem seus filhos atrasados em relação a crianças de outras escolas?
Aproximando os pais da escola tenta-se demonstrar a eles quais as diferenças desta nova concepção de trabalho comparando-a com o ensino tradicional. Pode não se tratar propriamente de um atraso no sentido de deficiência no aproveitamento, mas de um outro ritmo de aprendizado que ao final do ano vai resultar numa vantagem qualitativa.

32. Um aluno formado exclusivamente dentro dos moldes construtivistas pode competir em igualdades de condições em vestibulares e concursos públicos?
A resposta é arriscada, pois ainda há muito poucos alunos formados exclusivamente pelo construtivismo em idade de vestibular não há pesquisas conhecidas a respeito.

33. O construtivismo permite que os pais ajudem os filhos nas tarefas de casa?
Ponto polemico. Alguns admitem que sim: se o jeito de ensinar dos pais for diferente do da escola, a criança tem a vantagem de dispor de outra forma de aprender. Outros, contudo, sustentam que a tarefa de casa é para ser realizada pelo aluno. A vantagem aí, seria ele ter chance de experimentar uma situação rara para ele na escola. Uma vez que a maioria das atividades em classe é realizada em grupo.

34.Como é a avaliação do aluno no construtivismo?
O aluno é permanentemente acompanhado, pois a avaliação é entendida como um processo contínuo, diferente do sistema de provas periódicas do ensino convencional. Segundo os construtivistas, a avaliação tem caráter de diagnóstico-e não de punição de certo ou errado de exclusão. Além disso, a própria professora também se auto-avalia e modifica seus rumos.

35. Em que difere a prova construtivista?

Ela tem peso menor que no ensino tradicional. Não é o único indicador do rendimento do aluno que também é avaliado pelo desempenho rotineiro em classe. Além do mais, a prova não é uma peça estranha ao grupo elaborada fora da aula por um especialista geralmente a coordenadora. Tal responsabilidade cabe à própria professora que leva em conta aquilo que já foi efetivamente trabalhado na sala de aula.

36. O que significa o erro do aluno?
É tomado como valioso indicador dos caminhos percorridos por ele para chegar até ali. A professora não está tão preocupada com o acerto da resposta apresentada pelo aluno, mas sobretudo com o caminho usado para chegar a ela. Em vez de ser um mero tropeço, o erro passa a ter um caráter construtivo isto é, serve como propulsor para se buscar a conclusão correta.

37. O construtivismo não corrige o erro do aluno?
Corrige, mas sempre tomando o cuidado de que a correção se transforme numa situação de aprendizagem e não de censura. Por exemplo, no início do ano a professora pede aos alunos que escrevam um texto e guardem o material corrigido. No fim do ano, pede uma nova redação sobre o mesmo tema. Então, junto com os alunos, compara os dois trabalhos, ressaltando os progressos ocorridos. No ensino tradicional o erro deixa menos vestígios no caderno do aluno, pois é corrigido, apagado à medida que aparece.

38. O construtivismo reprova?
Sim, quando o aluno se encontra em tal atraso em relação ao resto da turma que faz passar de ano seria lançá-lo numa situação muito desagradável. De qualquer modo, tenta-se evitar que a criança viva a reprovação como um atestado de sua incapacidade ou como castigo por não ter aprendido.

39. Os alunos transferidos de uma escola construtivista para outra, não construtivista, acompanham mal a nova turma?

Os construtivistas não reconhecem a existência deste fenômeno mas especulam que poderia tratar-se de uma pura e simples questão de adaptação e não despreparo. Os alunos podem achar a nova escola desinteressante, não gostar da postura da professora ou estranhar os métodos de avaliação.

40. O aluno educado no construtivismo é mais sujeito a cometer erro de português?

No início do construtivismo isso ocorria com freqüência porque os professores se preocupavam mas com o conteúdo do texto do que com a ortografia-falha que passaram a corrigir nos últimos 05 anos.

41. Por falta de treinamento motor (prontidão) as crianças alfabetizadas no construtivismo acabam fracas de caligrafia?

O construtivismo sustenta que não pois o treinamento dela se faz à medida que vão escrevendo. Algumas escolas chegam ainda a lançar mão do velho caderno de caligrafia como no ensino tradicional quando a criança tem letra ruim.

42. O construtivismo desestimula a competição entre alunos?
Sim, pois uma de suas linhas mestras repousa justamente na cooperação entre eles. No entanto pondo de lado a competição o construtivismo investe no desfio pessoal como motivação para criança ir sempre avante nas trilhas do conhecimento.


43. A sala de aula numa escola construtivista é mais barulhenta e agitada do que a tradicional?
Em termos. O que ocorre é que as crianças não são passivas, mas sim estimuladas a participar, dizem os construtivistas.

44. As crianças não tendem a ficar indisciplinadas, malcriadas e incapazes de ouvir o outro em conseqüência de uma educação construtivista?
Caso elas tendam à indisciplina e ao desrespeito à outra pessoa, seja colega ou professor, terá falhado um dos pilares do construtivismo, argumentam seus praticantes, pois o que enfatiza é justamente a reciprocidade na fixação de regras, no escutar e no ouvir ns direitos e deveres, nos princípios básicos da cidadania e da democracia.

45. O professor construtivista deixa os alunos fazerem o que bem entendem em classe?
Não. A sala de aula é um espaço com regras de funcionamento e de convivência. O superliberalismo pedagógico destoa das concepções do construtivismo.

46. O construtivismo pune alunos indisciplinados?

Sim, porém o caráter dessa punição dentro do possível, deve ser, digamos, construtivo deve buscar reciprocidade e a reparação.. Por exemplo, se uma criança rasga um livro, deve consertá-lo. De tal modo em casos mais graves admite-se até a tradicional suspensão.

47. Como o construtivismo se espalhou?
As bases teóricas foram estruturadas na primeira metade deste século, com o Piaget e os psicólogos soviéticos entre eles os quais Lev Vigostsky é o mais divulgado no Brasil. As pontes para a prática pedagógica se consolidaram com a Emilia Ferreiro e seus colaboradores, a partir do final da década de 70. Na década seguinte, o construtivismo se disseminou na América latina principalmente na Argentina e no Brasil. As experiências brasileiras mais expressivas foram registradas nas redes municipais de Porto Alegre e de São Paulo, assim como no ciclo básico (as duas primeiras séries) da rede estadual paulista.

48. O construtivismo passou por mudanças desde que começou a ser adotado no Brasil?
Sim. A fase inicial em que o aluno era deixado muito solto, como se a professora não estivesse na sala de aula (prática espontaneísta ) está superada. Hoje se quer do professor
Uma atuação firme e planejada ( prática intervencionista ). No geral, contudo, o núcleo pedagógico do construtivismo permanece inalterado.

49. A interdisciplinaridade tem alguma relação com o construtivismo?Sim, embora a interdisciplinaridade seja uma prática pedagógica autônoma anterior ao construtivismo. Como nenhum professor, por mais ampla que seja a sua formação pode dominar todos os conhecimentos envolvidos na tarefa de lecionar, o trabalho interdisciplinar é recomendado por todo e qualquer nível.


50. É feio não ser construtivista?
Não, absolutamente. Feio é não ser autêntica e não se preocupar em dar o melhor aos alunos, seja de si mesma, seja das múltiplas áreas do conhecimento. Feio, enfim, é ser má professora.

AS ESPECIALISTAS CONSULTADAS

Esther Pillar Grossi
Marilia Duran
Solange Jobim e Souza
Sônia Maria Barreira
Maria das graças de Castro Bregunci

REPORTAGEM EXTRAÍDA DA REVISTA NOVA ESCOLA
Março de 1995

Diagnóstico na alfabetização inicial



Revista Nova Escola

O Poder das Palavras





Renata Rubia Riveiro

As palavras são poderosas. Para o bem e para o mal. Podem fazer-nos felizes ou declarar o amor como também podem declarar uma guerra.
Quem de nós já não passou por situações extremamente constrangedoras ou desagradáveis por ter usado a(s) palavra(s) errada(s) na hora errada ?
Por isso, recomendo todo cuidado ao falar com qualquer pessoa que seja.
E mais cuidado ainda ao falar com seus alunos.
E ainda mais cuidado ao falar com pais de alunos !!
Uma dica muito útil é:
Use os verbos SER e TER, somente para elogiar.Use o verbo ESTAR quando precisar criticar ou falar algo pouco agradável.
Exemplos:
- “Mari, você é uma aluna muito bacana. Só precisa conversar menos. Você está muito conversadeira nas ultimas aulas.”
- “O Pedro tem muita facilidade para aprender. Ele esteve bem disperso nas últimas aulas, no entanto. Há algo acontecendo em casa ou na escola ?”
Veja agora como esses mesmos exemplos ficam pesados, negativos ou limitantes quando usamos os verbos “errados”:
- “Mari, você é uma aluna muito conversadeira. Só precisa conversar menos. Você está indo bem hoje.”
Comentário: Se você rotula a aluna dizendo que ela é conversadeira, o que espera que ela seja ao longo do ano ? Essa aluna, inconscientemente, fará tudo para provar que é conversadeira. É a profecia auto-realizadora (leia mais sobre ela acessando as fontes citadas neste artigo).Ao invés de dizer que ela é, experimente dizer: “Hoje você está muito conversadeira.” E você verá a diferença.
- “O Pedro tem muita dificuldade para aprender. Ele é bem disperso nas aulas. Há algo acontecendo em casa ou na escola ?”
Comentário: Mesmo que o aluno apresente dificuldades, você como professora dele naquele ano, não tem dados suficientes para dizer que ele tem dificuldades. E sim que está tendo dificuldades nesse ou naquele ponto. Assim como também é bem mais factual dizer que ele esteve disperso nas últimas aulas e não que ele é disperso. Não estamos com esse aluno todos os dias, o dia todo, para dizer que ele é disperso.
Mais algumas dicas importantes:
• Evite as nominalizações negativas (palavras como: agressividade, dispersão, irresponsabilidade, etc...) e cite fatos. Ex. ? Ao invés de dizer: “O João é agressivo nas aulas e bate nos amiguinhos”, diga: “O João bateu nos amiguinhos em 3 aulas seguidas.” Contar que ele bateu sim. Isso é um fato. Tachá-lo de agressivo, não. Isso é uma nominalização.
• Quando souber antecipadamente que irá conversar com pais de alunos, prepare-se para a conversa. Releia suas anotações sobre o aluno, lembre-se desse aluno em sala de aula (como tem se comportado, que comentários ele fez, em que se destacou, em quais assuntos teve dúvidas, etc...).
• Quando não souber antecipadamente, fale menos e ouça mais. Ouça o que essa mãe/pai tem a dizer sobre o filho e SEMPRE, comprometa-se a observar o aluno nas próximas aulas e dar um retorno. E dê mesmo, é claro.
• Ao falar de cada aluno especificamente, fale sempre em particular com os pais e não numa reunião aberta a todos. Isso significa respeito ao aluno e consideração aos pais.
• Nesse caso, use também a técnica do Positivo-Negativo-Positivo. Inicie a conversa contando algo positivo sobre o aluno. Depois mencione os pontos a melhorar e finalize com (pelo menos) mais um aspecto positivo sobre ele.
O professor deve procurar usar palavras que encorajem seus alunos. Isso é um investimento para que o aluno tenha a auto-estima fortalecida e saiba que é capaz de aprender. Seja afetuoso com seu aluno.
Finalizando, se todo esse cuidado se aplica ao falar, imagine quando for escrever algo ?
Ao escrever, SEMPRE, mas SEMPRE MESMO, releia o que escreveu e coloque-se no lugar de quem vai ler.
Será que você escolheu as palavras do amor ou da guerra ?
Mantenha isso em mente e veja a qualidade de seus relacionamentos melhorar muito daqui pra frente, não apenas com seus alunos.

Renata Rubia Riveiro - Professora de inglês, jornalista e bacharel em tradução e interpretação, graduada pela Faculdade Ibero-Americana (SP) e FIAM (SP). Há 20 anos atua na área de educação para crianças e adolescentes. Foi professora, coordenadora pedagógica e atualmente é diretora na escola de inglês Red Balloon Santo Amaro, onde também seleciona e treina professores de inglês

Hiperatividade




A escola se queixa: "Esse menino não pára!"; "Parece que ele está sempre com a cabeça no mundo da lua!"; "Ele não consegue acompanhar porque não presta atenção no que faz!"; "Esse menino precisa de limites!". Quando os pais ouvem esses comentários dos professores, uma pergunta muito séria ronda sua cabeça: até que ponto a "energia" ou a "distração" do filho são normais ou são sinais de que há algo realmente errado acontecendo?Responder a essa pergunta não é nada fácil. Afinal, que criança não é, em certa medida, desatenta, agitada ou impulsiva? Pode-se desconfiar de que há algo de errado quando todas essas características estão presentes na criança de maneira exagerada.


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (denominação correta da conhecida hiperatividade) é um quadro que ocorre antes dos 7 anos de idade e, segundo algumas estimativas norte-americanas, atinge cerca de 3% a 5% das crianças, sendo muito mais freqüente em meninos do que em meninas. A criança com déficit de atenção e hiperatividade apresenta problemas em quatro áreas: atenção, controle de impulsos, atividade motora e baixo limiar para a frustração. A seguir, vamos descrever brevemente as principais características desse quadro, mas é importante lembrar que os problemas causados pelo déficit de atenção e hiperatividade podem variar em gravidade de acordo com a criança e a forma como os pais e a escola lidam com o problema.Em relação à atenção, a criança apresenta dificuldade em se concentrar nas tarefas que deve realizar e costuma distrair-se com facilidade. Essa dificuldade, no entanto, não significa que ela seja "incapaz" de se concentrar. Em determinadas circunstâncias, pode até fixar sua atenção em uma história que está sendo contada por um adulto ou em algum programa de TV.


Na sala de aula, por exemplo, a criança pode inicialmente entender o que deve fazer e começar a tarefa, mas a movimentação do colega ao lado ou um barulho do lado de fora podem fazê-la "perder o fio da meada", diferentemente do que acontece com outras crianças, que conseguem permanecer atentas ao que estão fazendo.Controlar impulsos é uma tarefa difícil para todos nós: quem, por exemplo, já não teve vontade de "pular no pescoço" de alguém que fala algo desagradável? O problema com a criança hiperativa é que ela tem muita dificuldade de se controlar em situações que exigem planejamento, reflexão sobre conseqüências futuras ou seguimento de regras. Por exemplo, ao jogar bolinha de gude com outras crianças, ela pode não conseguir esperar a sua vez e "atropelar" os colegas. Ao resolver um problema de matemática, pode não conseguir planejar todos os passos que deve seguir e começar de qualquer forma. Mas, de novo, é importante lembrar: isso não significa que a criança nunca vai conseguir fazer um planejamento ou se controlar diante de dificuldades.


O excesso de atividade motora é o sinal mais característico e conhecido do quadro: a criança tem dificuldades em se manter sentada por muito tempo e, em geral, movimenta-se muito e o tempo todo. Esse exagero pode ocorrer também em relação às emoções, já que muitas crianças com déficit de atenção e hiperatividade costumam ter reações emocionais muito intensas, sejam elas de raiva, alegria ou frustração. Em geral, é o excesso de atividade motora que leva os professores a fazer reclamações quanto aos limites que são dados às crianças.E, por fim, a dificuldade em lidar com a frustração faz com que a criança desista muito facilmente de seus objetivos. Em outras palavras, diante de dificuldades para alcançar algo que deseja ou para terminar uma tarefa (por exemplo, um exercício no caderno), a criança acaba não indo até o fim, ainda que os pais ou os professores insistam para que ela tente mais uma vez.


É muito importante identificar corretamente se a criança realmente tem o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) para que ela receba atendimento adequado o mais rápido possível. Em geral, quando a criança apresenta o quadro e não é diagnosticada (e, por conseqüência, não recebe o atendimento adequado), as suas relações com a família, escola e amigos vão ficando cada vez piores: ela é muito criticada por todos, não consegue se sair bem na escola e os colegas tendem a se afastar.


O resultado? Um grande sentimento de incapacidade, dúvida sobre o amor das outras pessoas e uma auto-imagem muito ruim ("eu não sei fazer nada direito mesmo").


A criança com TDAH não é distraída ou agitada porque quer.


Ela se comporta dessa forma porque não consegue ser diferente! Por isso, se você desconfia de que a conduta do seu filho (ou seu aluno) pode ser um sinal de que ele tenha o TDAH, procure um neuropediatra ou um psiquiatra infantil (ou então sugira que os pais da criança façam isso). Esses profissionais poderão fazer o diagnóstico adequado e receitar medicamentos, se for necessário. O trabalho de um psicólogo será necessário para ajudar a criança a lidar com suas dificuldades e com as pessoas com quem convive.




Algumas dicas para lidar com a criança com TDAH:A criança precisa de estruturação.


Um ambiente organizado ajudará na organização interna da criança.
Nunca dê mais que uma instrução ao mesmo tempo.


A criança certamente se esquecerá de alguma coisa.
Ao falar com a criança, olhe sempre nos olhos dela.


Isso a ajudará a manter a atenção no que você está dizendo.
Repita sempre as instruções, pois a criança precisa disso.
Na escola, o professor deve procurar dar tarefas curtas para a criança.


Se a for longa, é importante tentar dividi-la em tarefas menores para que a criança não tenha a sensação de que é longa demais e que nunca vai terminar tudo aquilo.
Sempre valorize as coisas boas que a criança faz e as tarefas que consegue cumprir: ela provavelmente está cansada de saber de suas limitações, mas poucas vezes tem a oportunidade de ouvir sobre suas conquistas. 

terça-feira, 10 de maio de 2011

Projeto quem sou eu

Projeto: Quem sou eu?



Alunos Atendidos: Crianças em fase Pré-Escolar – Pode ser adaptado aos alunos de Educação Infantil – Períodos: I e II.

Período: ( Mês em que será trabalhado ): _______________.

Duração: Em média duas semanas.

Objetivos:

Ao final do projeto os alunos deverão ser capazes de:
  • Saber a história de sua vida;
  • Conhecer a história e o significado de seu nome;
  • Desenvolver a atenção para futura identificação de partes do corpo e órgãos dos sentidos;
  • Estimular o raciocínio e a percepção visual;
  • Desenvolver a imaginação e a criatividade;
  • Saber maior número de palavras e expressões antes desconhecidas ( Aumento e enriquecimento do vocabulário );
  • Identificar suas preferências em relação a tudo que o cerca, a sua realidade;
  • Formar próprios conceitos através de descobertas e experimentações.
Culminância: Construção de um Mural coletivo e de um Álbum da vida – Individual.


     Primeira Semana de Projeto


  • Em “rodinha” iniciar de maneira descontraída e atrativa uma dinâmica – O Professor apresenta uma caixa, com tampa, decorada da maneira que achar mais atraente a seus alunos e dentro de suas possibilidades – Podendo ser caixa de sapatos, de madeira, de vime, de qualquer outro artigo que tenha consumido, ou até mesmo um pequeno baú.
  • O professor apresenta a caixa dizendo que dentro dela tem o que existe de mais precioso, de mais importante, um verdadeiro tesouro.
  • Propõe, então, uma brincadeira onde cada um terá que olhar o que tem dentro da caixa, ver qual é este tesouro e manter segredo – Um a um devem olhar e voltar ao lugar sem poder contar o que viu – Esta é a regra da brincadeira: Manter segredo.
  • Dentro da caixa deve conter um espelho, bem no fundo, do tamanho exato da mesma. No momento em que a criança for olhar o tesouro verá refletida sua própria imagem.
  • A professora deve ficar atenta a cada reação individual ao deparar-se com a própria imagem. É fundamental criar um clima de muito interesse provocando sempre: Qual será este tesouro?
  • Após todos terem visto sua imagem refletida dentro da caixa e terem tido as mais diferentes reações, cuidando sempre para que não falem enquanto todos não olharem, abrir então o debate, a conversa informal.
  • O que vocês viram dentro da caixa? Descobriram o tesouro?
  • Aproveitar cada resposta dos alunos, orientando-os quando necessário, mas propiciando que se expressem.
  • A conversa deve fluir até o ponto em que o professor perceber que os alunos perceberam que eles são o tesouro – cada um deles – por isso não poderiam contar o segredo – pois todos somos únicos – Ninguém é igual a ninguém.

Após a realização da Dinâmica do Tesouro, ainda em círculo, sentados de forma confortável, provocar os alunos para que observem seus próprios corpos e façam comparações: __ Quem é mais alto? Quem é mais baixo? Quem tem a mesma altura? __Quem tem cabelos loiros? Quem tem cabelos castanhos? Quem tem cabelos pretos? __ Quem é negro? Quem é moreno? Quem é branquinho?
__ Quem tem olhos azuis? E castanhos? __ Quem é menino? Quem é menina?
E assim propor que se agrupem de diferentes formas:
Exemplo: __Vamos juntar todas as crianças que tem cabelo bem curtinho do lado esquerdo em pé e todas as crianças que tem cabelos compridos do lado direito sentadas.
__Vamos juntar os meninos de um lado e as meninas do outro.
__ Agora vão pular só as crianças que tem olhos azuis ou verdes.
Assim, o professor pode ir brincando, criando diferentes situações de acordo com a sua turma, sempre tendo como objetivo que façam comparações a partir das diferenças e semelhanças existentes no próprio corpo e no corpo dos amigos.
Concluir a atividade quando não houver mais interesse da turma.

Num segundo momento, que pode ser no mesmo dia ou não, o professor vai apresentar uma ficha, previamente preparada, xeroca ou mimeografada onde as crianças terão que completar fazendo seu auto-retrato. As informações contidas na ficha podem ser anotadas por escrito pela professora caso a turma ainda não seja alfabetizada, todavia, é fundamental que sejam todas discutidas individualmente e em grupo.
Segue exemplo de ficha que pode ser adaptada caso o professor ache necessário.

Quem sou eu?

Meu nome é: ________________________________________
Tenho ____ anos. Nasci no dia ___/___/___.
Meu endereço é: ____________________________________________________________________________________________________
Meu telefone é: ______________.
O nome da minha mãe é:________________________________
O nome do meu pai é: __________________________________
Na minha família também tem: _____________________ que eu gosto muito e cuida de mim.
Minha altura:__________.
Meu peso: ____________.
Cor dos olhos: _________________.
Cor dos cabelos:________________.

Meu auto-retrato:




Escreva o seu nome da forma em que você sabe:



Quantas letras tem o seu nome? Conte e cole uma bolinha de papel crepom da sua cor preferida para cada letra :



Importante:

Chegando nesta etapa o professor deverá iniciar um trabalho criando uma identidade entre a criança e a escrita de seu nome. Seguem algumas sugestões de atividades práticas que podem ser realizadas durante este projeto ou até mesmo no decorrer de todo o ano letivo. Sugerimos que para o projeto em si: Quem sou eu? Sejam escolhidas no máximo 3 das atividades propostas: História do nome, Dança da Cadeira e mais uma a escolha do professor de acordo com o nível da turma. Mas, ficam as sugestões para trabalhos posteriores.

A construção da escrita do nome, na Educação Infantil, é vista como um grande caminho a ser percorrido pela criança.
O nome próprio de uma criança é seu marco de identificação e, por isso, é tão valorizado por ela. É por esse motivo que o trabalho com o nome próprio gera uma relação de identidade da criança com a escrita.
É fundamental, para a construção da escrita do nome que a criança saiba que desenhar é diferente de escrever a partir desta diferenciação que a criança começa a se dar conta de que precisa algo mais do que um desenho para poder escrever o seu nome, e então começam a aparecer em seus trabalhos as tentativas da escrita, a qual pode estar representada por “risquinhos”, “bolinhas”, “cobrinhas”...
A primeira letra do nome próprio é sempre a mais reconhecida e escrita pelas crianças antes das demais. Muitas chegam a estabelecer uma relação de identidade que, em geral, as faz chamá-la de minha letra. É sempre aquela que reconhecem mais depressa em diferentes textos, cartazes, otdoors e outros.
A visualização é um mecanismo que faz parte da construção da escrita. Por este motivo é importante que os nomes estejam fixados nos gradis, nos materiais, nas lancheiras, nos crachás.
Ao identificar seu nome e observá-lo escrito em diferentes locais e materiais, a criança, consequentemente, o memoriza. A partir de então inicia-se seu relacionamento com a escrita como representação de sua identidade, auxiliando-a a ver-se como um indivíduo que possui identificação. Por isso seu nome é tão importante. É um marco identificatório.
O modelo da escrita do nome em diferentes materiais informa à criança sobre quais são as letras e qual a quantidade necessária de letras para escrevê-lo, além de informar a posição e a ordem em que aparecem no seu nome.
É importante, nesse trabalho, a busca de semelhanças e diferenças, as posições das letras, os diferentes modos de escrita.
É interessante desafiar a criança nesta questão. Por exemplo: “Pus a primeira letra do nome de Camila. Onde ponho a segunda? Aqui ou aqui”? ( indicando à direita ou à esquerda da letra C ). Este tipo de desafio auxilia a criança na direcionalidade da escrita, deixando um pouco de lado as letras espelhadas tão comuns nas séries iniciais.
O sujeito é um construtor dos seus conhecimentos e nesse processo passa por etapas importantes que vão da visualização até o reconhecimento da escrita em diferentes lugares e formas.
O objetivo maior do trabalho com a escrita do nome na Educação Infantil é fazer com que a criança se reconheça como um sujeito importante que possui um nome que é só seu, além de propiciar a aprendizagem da escrita.

A seguir apresentarei algumas atividades e brincadeiras que auxiliam o processo de construção da escrita do nome:


Sugestões de Atividades Práticas:

1 – História do nome.
Objetivo: Conhecer a origem do seu nome.

Material: Folhas de papel ofício.

Procedimento:
  • Propor às crianças que façam uma entrevista com os seus pais, procurando saber qual a origem dos seus nomes.
  • Montar com os alunos uma ficha para auxiliá-los na entrevista, incluindo perguntas tais como: - Quem escolheu meu nome? - Por que me chamo .....? O que significa ..... ?
  • Combinar com a turma o dia do relato e como ele será. ( A escolha do professor)

Sugestão de Atividade: Contar a história do seu nome aprendida com a entrevista e ilustrá-la.

Interessante: Em papel pardo o professor poderá registrar o nome de todos e uma síntese da origem do mesmo e fixar no mural.

Observações: Todos deverão trazer a entrevista no dia marcado, oportunizando o desenvolvimento da responsabilidade desde pequenos, e, caso isso não aconteça, o professor deverá estar preparado e saber qual atitude tomar frente a este problema.

2 – Fichário:

Objetivo: Conhecer a escrita do seu nome com diferentes formas gráficas.

Material Necessário: Fichas do mesmo tamanho e formato e uma caixa de sapatos.

Procedimentos: Montar na sala de aula um fichário com cartões que apresentem diferentes formas de escrita do nome próprio: Com letra de imprensa maiúscula, letra de imprensa minúscula, letra cursiva. Deixando claro à criança que existem diferentes maneiras para escrever o seu nome, mas todas querem dizer a mesma coisa.
Combinar com a turma o momento e o modo como deverão utilizar as fichas. ( De acordo com o professor) – Pode ter em cada ficha uma foto 3x4 da criança.

Sugestão de Atividades: Identificar o nome – Escrever o nome.

3 – Lista de Palavras:

Objetivo: Identificar em diferentes palavras a letra inicial do seu nome.

Materiais: Tesoura, Revistas, Jornais, Folhetos, Cola, Folhas de ofício.

Procedimentos:
  • Explorar com a classe a letra inicial do nome.
    • Listar outras palavras que também iniciem com aquela letra.
    • Propor que pesquisem em jornais, revistas e folhetos outras palavras que também iniciem com a letra do seu nome.
    • Recortar e colar as palavras em folhas de ofício.
    • Ler com a turma as palavras encontradas e juntos procurar o significado.

    Sugestão de Avaliação: Reconhecer, em lista de palavras, aquelas com a letra que inicia o seu nome.

    Observações: O professor pode propor à turma que cada dia um traga de casa uma palavra que inicie com a letra do seu nome e em aula encontrem o significado. Este tipo de atividade desperta no aluno um interesse maior pela pesquisa e aumento do vocabulário.

    4 – Letras Móveis:

    Objetivo: Conhecer as letras e escrever seu nome através de brincadeira.

    Material: Letras móveis que podem ser de madeira, EVA, papelão e etc...

    Procedimentos:
    • Deixar expostas na sala as letras para haver um contato maior por parte das crianças com o material.
    • Propor que, em diferentes momentos de aula, as crianças utilizem as letras para a tentativa da escrita de seus nomes.

    Sugestão de Avaliação: Escrever seu nome numa brincadeira.

    Observações:
    • Este material permite à criança fazer uma correspondência de letras, posição e ordenação das mesmas.
    • Se as letras forem de papel ou papelão, seria interessante que as crianças ajudassem na confecção do próprio material, orientadas pelo professor.

    5 – Bingo:

    Objetivo: Conhecer as letras que compõem a escrita de seu nome através do jogo.

    Materiais: Cartelas de cartolina ou papelão; tampinhas de garrafa ou pedrinhas para marcar as letras; folhas de desenho; fichinhas com as letras dos nomes; cola; papel colorido ( para fazer bolinhas de papel ) ou palitos de fósforo usados.

    Procedimento:
    • Cada criança receberá uma cartela com a escrita do seu nome.
    • O professor sorteará as letras, dizendo o nome de cada uma delas para que as crianças identifiquem-as. Cada letra sorteada deverá ser marcada na cartela caso haja no seu nome. Assim que a cartela fôr preenchida o aluno deve gritar: BINGO!
    • Logo que terminarem o jogo, será proposto um relatório realizado individualmente, com a distribuição de fichinhas com as letras do nome ( Uma ficha para cada letra) entregues fora de ordem.
      • As crianças deverão ordenar as fichas, compondo os eu nome, e colocá-las em uma folha de ofício.
      • A professora pede que contem quantas letras há na escrita dos eu nome e propõe que colem a quantidade representativa em palitos de fósforos ou bolinhas de papel, na folha.

      Sugestão de Avaliação: Reconhecer em fichinhas as letras que fazem parte da escrita do seu nome.

      Observação: É interessante que se repita o jogo várias vezes no decorrer das atividades antes de se propor o relatório.

      6 – Dança da Cadeira:

      Objetivo: Reconhecer a escrita de seu nome dentre a escrita dos nomes de todos os colegas.

      Materiais: Fichas com a escrita de todos os nomes ( uma para cada nome ) e cadeiras.

      Procedimentos:
      • O professor propõe às crianças que façam um círculo com as cadeiras.
      • Depois distribui as fichas com os nomes para que as crianças fixem-as nas cadeiras.
      • Inicia-se a dança das cadeiras onde ao término da música cada um deverá sentar na cadeira onde consta a ficha com o seu nome.

      Sugestão de Avaliação: Realizar a brincadeira diversas vezes sempre trocando as cadeiras de lugar.

      7 – Corrida dos Balões:

      Objetivo: Escrever seu nome.

      Materiais: Balões numerados, fichas com número de acordo com os balões e com nomes e giz.

      Procedimentos:
      • Formar as crianças em duas filas.
      • Distribuir uma ficha com um número para cada criança.
      • Dado o sinal, uma de cada vez corre até os balões e estoura aquele que tiver o seu número. Dentro estará uma ficha escrito o seu nome.
      • A criança deverá ler altos eu nome e reproduzi-lo no chão utilizando o giz.

      8 – Jogo dos Dados:

      Objetivos:
      • Integrar-se ao grupo, sabendo esperar sua vez de jogar.
      • Reconhecer as letras do seu nome.
      • Ordenar as letras que compõem seu nome.


      Materiais:
      • Tabuleiros com quadrinhos necessários para a escrita do nome em branco.
      • Dados com as letras dos nomes dos componentes do grupo.
      • Fichinhas com as letras.

      Procedimentos:
      • Distribuir os alunos em pequenos grupos.
      • Combinar com os grupos que apenas uma criança por vez jogará um dado, identificando qual a letra sorteada. Se esta fizer parte dos eu nome, deverá pegar a fichinha correspondente e colocá-la no tabuleiro.

      Sugestões de Avaliação: Participar atentamente do jogo e identificar as letras do seu nome.

      9 – Sapata ou Amarelinha:

      Objetivo: Reconhecer as letras que compõem seu nome.

      Materiais: Pedrinhas e giz.

      Procedimentos:
      • Cada aluno irá traçar no pátio da escola sua amarelinha.Neste momento, uma amarelinha será diferente da outra, quando os nomes não possuírem a mesma quantidade de letras.
      • Utilizando a pedrinha marcarão a letra que não deverão pular.
      • O professor pode aproveitar a ocasião para questionar o aluno: Qual a letra que vem primeiro? E depois qual será?

      Sugestão de Avaliação: Escrever seu nome após pular a amarelinha.

      Observação: Este tipo de brincadeira trabalha a ordem da escrita do nome, possibilitando ao aluno identificar qual a primeira letra, qual a segunda, e assim por diante até formar seu nome.

      Idéia:

      Com o trabalho da História do nome de cada aluno é interessante que sejam pesquisados os diferentes significados dos nomes de cada um e seja montado um mural com os mesmos: ilustrações feitas pelas crianças, a forma que sabem escrever o nome, o desenho de seu nome, seu auto-retrato, fotos das crianças – Este fica a critério do interesse e da criatividade do professor. É um tema rico, importante e que, certamente, encantará aos responsáveis e a toda equipe da escola exposto num belo mural.
      Aproveite esta idéia e dê na montagem do mural uma originalidade, mostrando a sua personalidade e a de sua turma.
      Você pode e deve tirar um dia somente para a realização desta tarefa .
      É fundamental a participação das crianças em cada detalhe.

      Segunda Semana de Projeto:

      Preferências:

      • Através de uma conversa informal o professor deve pedir que cada aluno fale um pouco sobre seu dia-a-dia.É importante deixar que as crianças se expressem livremente contando casos vividos em casa, em passeios, com a família etc.
      • Num segundo momento oferecer uma folha em branco, revistas diversas, ilustrações diversas, e propor q façam uma montagem de recorte e colagem de tudo que encontrarem que parece com o seu dia-a-dia, com a sua vida, a sua realidade.
      • Realizado a trabalho o professor junta para também adicionar ao Álbum da Vida – colocando por escrito além do nome da criança qual foi a proposta da montagem de recorte e colagem.
      • Num outro dia, então, explorar as preferências de cada aluno: Brincadeira preferida, brinquedo preferido, comida preferida, lugar que mais gosta de estar, animal preferido, programa de TV preferido, artista preferido, música preferida, personagem de história infantil preferido, filme preferido, amigo que mais gosta, esporte preferido, cor preferida etc.
      • É interessante registrar de forma sistematizada para também constar no Álbum da Vida – em anexo segue modelo de sistematização que poderá ser xerocada ou mimeografada.
      • A montagem de um painél com as preferências é uma idéia bem legal e que, também, certamente, agradará à todos. Use a sua imaginação e aproveitando a idéia e os materiais que tem a disposição crie um lindo mural com o tema: As coisas que eu mais gosto ou As coisas que nós da turma tal mais gostamos ou Nossas Preferências.
      • No Álbum da Vida podem ser adicionadas: fotos das crianças em diferentes momentos: no banho, brincando, na escola, dormindo, comendo... Como, também, pode ser utilizada um técnica artística de pintura, cola colorida ou outra para a capa, que deve ser de papel mais resistente – cartão no caso – com o título: Álbum da vida – ali todos os trabalhos sistematizados serão acoplados e deverão ser encadernados ou presos com bailarinas, grampos, etc.

      Brincadeira Legal:

      Já que estamos trabalhando a individualidade de cada um pode ser realizada a brincadeira: Quem é? Onde o professor vai dando dicas de características físicas, de personalidades, caráter, hábitos, pertences de um aluno e todos terão que descobrir quem é.
      Tal brincadeira pode ser repetida quantas vezes o professor achar prudente e de acordo com o interesse da turma.
      Deverá ser estabelecido o que “premiar” para quem acertar. É diversão garantida!
      Conclusão:

      Os alunos devem perceber e compreender que cada pessoa é única, é diferente das outras.
      As pessoas podem até ter algumas coisas em comum, como cor da pele, preferência por um tipo de música, uma opinião, mas são diferentes das outras em outros aspectos. Ninguém é exatamente igual a ninguém!
      Levar os alunos a refletirem sobre algumas pessoas que não aceitam as diferenças: de cor de pele, religião, outros gostos... Até concluírem que isso não é legal.
      O objetivo é os alunos perceberem, também, que como cada pessoa é diferente das outras, tem seu modo de pensar, de agir, os fatos que são importantes para alguém podem não ser para outra pessoa. Cada um tem seu Álbum da Vida, sua história.
      Aproveite o Álbum da vida para trabalhar noções de anterioridade e posterioridade, levando-os a perceber, que seu álbum é uma forma de registro de sua vida, uma fonte da qual se pode obter informação sobre ela quando estiver mais velha.


      Sugestões de trabalho com músicas no projeto:

      • Sugerimos que sejam ouvidas, cantadas e dançadas pela turma as músicas preferidas de cada um.
      • Sugerimos, também, a brincadeira: Canoa Virou.
      • Caso haja algum nome de aluno na turma que exista uma música conhecida, esta também pode ser ouvida – não esquecendo de levantar a questão: Quando duas ou mais pessoas tem os nomes iguais, os mesmos nomes, como fazemos para identificá-las? Exemplo: Esta música foi feita a Luciana que faz parte de nossa classe ou para outra menina chamada Luciana?
      • Em um dos CDs que acompanha o projeto temos a música: Pula Corda – interpretada pela cantora e apresentadora infantil Eliana onde um trabalho de análise da letra: a preferência de uma criança pela brincadeira de pular corda, pode criar um ambiente alegre e propiciar momentos de prazer dentro do projeto do tema gerador.






Está na hora de suar a camisa


Dicas de Brincadeiras


O Pulo do Sapo
Marcar no pátio as linhas de partida e chegada. Ao sinal dado, os participantes, em posição de sapo (de cócoras), devem sair pulando até a linha de chegada. Vence aquele que chegar primeiro.
Imitando Tartaruga
Escolhem-se quatro jogadores para serem os pegadores. Os jogadores, para evitar serem apanhados, deitam-se de costas no chão, com os braços e pernas para cima imitando uma tartaruga. Quando estiverem na posição da tartaruga, não poderão ser apanhados. Termina a brincadeira quando todas as crianças forem pegas.
Corrida ao Contrário
Traçam-se duas linhas a uma distância de 10m (sendo uma o ponto de chegada e a outra o de partida). Ao sinal dado, todos os participantes estarão de costas e iniciarão uma corrida. O participante que chegar primeiro deverá voltar correndo de frente até o ponto de partida. Quem chegar primeiro será o vencedor.
Corrida do Cachorrinho
Marcar um ponto de partida e outro de chegada. Os participantes devem imitar a posição de cachorro, alinhando-se na partida. Ao sinal, saem depressa em direção à linha de chegada. Quem chegar primeiro será o vencedor.
Corrida de Dois
As crianças dão as mãos e não podem se soltar. E assim correm, pulando até a linha de chegada. Vencem os dois que primeiro atingirem a linha de chegada.
O Caçador Esperto
Riscam-se dois círculos para colocar os animais: as raposas e os coelhos( dois times com número igual de participantes). No centro, entre os dois círculos, risca-se também um triângulo, onde ficará o caçador. Os animais dos dois times chegam bem perto do caçador. Os que forem pegos pelo caçador passam a ser caçadores nas próximas jogadas, devendo ficar junto ao caçador, dentro do triângulo. A brincadeira continua e no final o time que tiver mais participantes será o vencedor.
Atenção, Olha o Caçador!
As crianças serão separadas em grupos de diferentes animais. Deve haver vários de cada classe, por exemplo: ursos, macacos, coelhos, etc. Desenhar dois círculos em cantos opostos. Uma das crianças será o caçador, ficando entre os dois círculos; o resto dos animais, em outro círculo. O caçador chama o nome de um dos animais e todos os que representam esse animal deverão correr pelo lado oposto. O caçador os perseguirá e, se conseguir, pegar alguém antes que chegue ao círculo, este trocará de lugar com o caçador.
Pique com Bola
Formar um círculo com todas as crianças, com espaço entre elas. Uma será escolhida para ficar no meio do círculo com uma bola. Dado o sinal, a criança jogará a bola para qualquer colega e em seguida sairá do seu lugar. Este toma a bola, corre para o centro do círculo e continua a brincadeira.
Balões voadores
As crianças estarão uma ao lado da outra sobre uma linha marcada no chão. Cada uma receberá um balão de borracha, enchendo-o de ar o máximo possível, segurando com o dedo para não esvaziar. Quando o professor gritar, as crianças devem soltar os balões que voarão e girarão de diversas formas. Será vencedor o dono do balão que cair o mais longe da linha marcada.